colunista do impresso

Desqualificar educação pública é um erro grotesco do governo

Tudo bem que a educação básica brasileira precisa de investimentos urgentes. Porém, tirar recursos do ensino técnico, dos institutos federais e das instituições públicas de ensino superior não é a medida mais acertada. Ela atua, simplesmente, como a aplicação da teoria do cobertor curto: se puxar para cima, descobre os pés; se puxar para baixo, descobre os ombros. Priorizar, efetivamente, os investimentos na área da educação de forma consistente e equilibrada, isso sim, pode ser a solução mais viável a médio e longo prazos.

Desqualificar a educação pública, principalmente a superior, é um erro grotesco que o governo federal pratica. É um gol contra bizarro, que só gera revolta na comunidade universitária e naquelas pessoas que têm filhos e familiares estudando numa instituição federal. Um professor universitário está envolvido no ensino, na pesquisa e na extensão. Também é peça importante na geração de processos de inovação no departamento onde atua. Cada vez mais, os reitores estão sob a mira de rígidos controles financeiros governamentais e precisam prestar conta dos recursos aplicados nas instituições. Quem pensa diferente, está completamente equivocado.

A disputa ideológica proposta pelo governo federal e seus apoiadores não contribui em nada para alavancar o desenvolvimento do Brasil. A economia cambaleante afugenta investidores e o corte de recursos em área vitais, como ocorre na educação, traz ainda mais preocupação e insegurança para os brasileiros. O embate tipo "nós contra eles" somente causa desconforto e perda de tempo na busca e implementação de soluções para os problemas existentes no país.

O novo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o arcebispo de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, disse que o "caminho da paz não será construído pela força das armas." Sobre o recente decreto que flexibilizou a posse e o porte de armas, dom Walmor afirmou que teme o que pode acontecer "numa sociedade cheia de polarizações". O dirigente da CNBB declarou que "o ponto de partida é o diálogo para poder dizer aquilo que a Igreja tem a dizer para além de qualquer tipo de ideologia ou partidarização."

Dom Walmor também falou sobre os cortes na educação, que levaram a protestos nas ruas de várias cidades brasileiras, no dia 15 de maio: "A justificativa dada é de otimização de recursos. Mas a educação não pode sofrer cortes por ser uma prioridade das prioridades. Não pode sofrer cortes de modo que, por exemplo, a pesquisa pare. Não podemos cortar de modo que a educação de base não seja qualificada. É preciso muito discernimento para se fazer isso sem prejuízos não apenas hoje, mas nas gerações futuras."O reitor-fundador da UFSM, José Mariano da Rocha Filho, falava que "a universidade pública nos países do terceiro mundo é fundamental para permitir o acesso de pessoas que, de outra forma, não poderiam estudar e, também, para a formação de consciências críticas que nos levem a uma civilização melhor."

Precisamos de mais livros e menos armas nos estabelecimentos de ensino. Necessitamos de escolas com boa estrutura operacional, professores e servidores com remuneração condizente ao seu trabalho, e alunos cientes dos seus direitos e, principalmente, deveres. Lutar pela educação de qualidade é valorizar a busca do conhecimento e defender a democracia.

Enfim, a educação precisa ser prioridade sempre, durante o debate eleitoral e, ainda mais, nos quatro anos em que prefeitos, governadores e presidente estiverem no exercício dos mandatos para os quais foram eleitos.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Meninos de verdade Anterior

Meninos de verdade

Honestidade Próximo

Honestidade

Colunistas do Impresso